“Um homem pode ver apenas desespero e
destruição no futuro. Ou pode ver o Reino
de Deus na terra. Depende de sua visão e se possui olhos e ouvidos
espirituais. Pode ser como o filho ou
como o pai da fábula do alto da
montanha. Depende de se ter voltado ou não para Bahá’u’lláh. A escolha pertence
ao homem. A fábula diz:
‘Era uma vez um pai e seu jovem filho que
foram viajar para uma terra distante e, subindo ao topo de uma montanha,
descansaram por uma noite. De manhã cedo, o sol fez desaparecer a escuridão e
pintou os picos cobertos de neve de um alaranjado vivo.
O filho acordou-se. Viu o céu brilhante e
as cores rubras dos cumes das montanhas. Ele era um pequeno menino e podia ver
apenas através da parte alta da janela acima dele. Não compreendeu aquele
brilho, que o alarmou. Desejou o conforto do dia de ontem, quando estava em
casa com sua mãe. Gostaria de jamais ter iniciado essa viagem. Estava seguro de
que só havia desastre e fogo naquele novo e estranho céu.
O sol, ao subir, foi aquecendo
a neve do inverno que havia endurecido e empedrado devido ao longo tempo que
ficara sobre a montanha. Os blocos de neve foram se soltando e formavam cascatas trovejantes que desciam
para o vale lá em baixo. O som terrível, que bramia, mais ainda que o céu
chamejante, aterrorizou o menino, que correu para o seu pai e o sacudiu,
acordando-o, gritando:
- ‘Pai! Pai! Acorde! Acorde! É o fim do
mundo!’
O pai abriu seus olhos. Podia ver tudo
claramente através da janela que era ainda alta demais para ser vista pelo
menino.
Viu o pai os picos coloridos pelos raios
do sol matinal, com sua incandescência deslumbrante. Ouviu a avalanche de neve,
libertada pelo calor do sol de primavera. Sabia que logo ele traria água fresca
para as terras secas lá em baixo, restaurando a vida. Compreendeu todas essas
coisas. Segurou a mão de seu filho, para confortá-lo, e lhe disse:
- ‘Não, meu filho, não é o fim do mundo.
É a aurora de um novo dia!’ ”